Oriundo de uma família multirracial composta por angolanos e portugueses, Marcio Carvalho partilha os antepassados de duas geografias distintas, com sistemas epistemológicos e de crenças distintas, e é a partir deles que complica as noções de memória autobiográfica e colectiva. Seu trabalho examina a vida pública e os arquivos, a memória autobiográfica e a memória coletiva, com foco nos atos de recordar e suas influências biológicas, culturais e sociais. Seja através do desenho, do filme, da instalação ou da performance, a arte de Marcio Carvalho tenta criar modos de participação pública, onde as realidades históricas e memoriais da cidade são desafiadas e co-criadas por grupos de cidadãos e suas memórias. Os seus projectos artísticos tentam separar a memória e o acto de recordar da ideia tradicional de arquivo – repositório fixo de informação – para dar à actividade memorial o estatuto de actividade social, discursiva e prática cultural, garantindo assim que a memória e os processos que a criam permaneçam um processo criativo, efémero, contínuo e inacabado.
Carvalho é Mestrado em Artes Performativas na Hochschulübergreifendes Zentrum Tanz Berlin e candidato a Doutoramento na Universidade de Belas Artes de Lisboa.